Relações Sexuais à Luz do Espiritismo
As relações, de modo geral, amorosas, conviviais, afetivas e, especialmente, sexuais, são aspectos fundamentais da experiência humana, e se manifestam sob a supervisão do plano extrafísico, com causas e consequências que não se apagam. Segundo a perspectiva espírita, “os sexos não existem senão no organismo; são necessários à reprodução dos seres materiais; mas os Espíritos, sendo a criação de Deus, não se reproduzem uns pelos outros, é por isso que os sexos seriam inúteis no mundo espiritual.”
A intimidade entre duas pessoas, proporcionada pela prática sexual, gera uma série de reflexões que se mostram pertinentes. Fisicamente, as forças biológicas que atraem os seres funcionam como duas pilhas que compartilham energias. Cada toque, cada estímulo aos sentidos é absorvido instantaneamente por cada parceiro, criando um ciclo de realimentação energética.
A Dimensão Emocional e Espiritual
Do ponto de vista emocional, o erotismo, derivado da palavra grega “eros”, que significa amor, representa a comunhão e o intercâmbio de sensações amorosas. Contudo, essas sensações não são necessariamente idênticas para ambos os parceiros, nem se manifestam nas mesmas intensidades. Cada expressão de carinho, seja um afago, um beijo, uma carícia ou até mesmo um pensamento, contribui para o ambiente desse relacionamento, onde a doação se materializa em um processo recíproco de dar e receber.
Mas como se configura o componente espiritual dessa relação? Primeiramente, é importante reconhecer que, como Espíritos, superamos uma fase inicial de convivência orgânica, regida apenas por instintos. Gradualmente, através de experiências sucessivas, fomos descobrindo outros aspectos do eu-Espírito, avançando para uma vivência mais rica de sentimentos como amor, ódio, medo, respeito e solidariedade, até alcançar os primeiros passos da percepção da consciência.
Individualidade e Evolução Espiritual
Em função das diversas jornadas dos Espíritos, existe uma individualização clara. Mesmo dentro da mesma ordem, como a maioria dos seres que habitam a Terra (que estão em expiações e provas), somos agrupados em classes de acordo com sentimentos e raciocínios comuns. Essa classificação é semelhante a uma série escolar, onde cada grupo de crianças se organiza para o aprendizado, apesar das peculiaridades de cada indivíduo.
Isso nos leva a refletir sobre a grande diversidade de pontos de vista e opiniões, especialmente em relação à sexualidade. Essa realidade se alinha com a lei de causa e efeito, que é o principal código que rege a vida espiritual, assegurando que “nada escape aos olhos divinos”. É por essa razão que se discute tanto o planejamento encarnatório, já que cada ato do passado influencia o presente e molda o futuro, conforme a parábola espírita sugere, onde cada semente germina e traz frutos variados ao semeador.
O Livre-Arbítrio e a Ética nas Relações Sexuais
Outro elemento crucial ao abordarmos relações sexuais é o livre-arbítrio. Essa faculdade é aprimorada com o despertar da inteligência e se desenvolve à medida que a percepção íntima do ser humano se expande, caminhando em direção à espiritualização. O juízo, a consciência e o impulso racional são os filtros que moldam pensamentos, palavras e atitudes, alinhados com a evolução pessoal.
As relações amorosas, conviviais, afetivas e sexuais são, portanto, realizações humanas que operam sob a supervisão do plano espiritual, com consequências que se perpetuam. É importante lembrar a passagem atribuída a Jesus de Nazaré, que diz: “tudo o que ligares na Terra, terá sido ligado no Céu”. Isso destaca a importância de cada manifestação de relação na vida dos Espíritos, onde cada interação estabelece um elo espiritual que nos conecta uns aos outros, em proporção direta à natureza do relacionamento que escolhemos cultivar.
As relações sexuais são abordadas em “O Livro dos Espíritos” dentro da Lei de Reprodução, que discute os efeitos e contornos dessa interação, também relacionados à Lei de Sociedade. Ambas as leis são partes integrantes da terceira seção do livro, onde Kardec analisa as Dez Leis Morais, que se aplicam a todos os Espíritos. No primeiro desses capítulos, são delineadas as diretrizes espirituais que se relacionam à reprodução e seu propósito na vida físico-material.
A Reprodutividade e suas Implicações Espirituais
A reprodução é, portanto, o resultado de relações sexuais, que utilizam esse processo para a perpetuação da espécie humana no planeta. Uma relação sexual cria um entrelaçamento de energias espirituais, oriundas de um reservatório que cada um possui, emanadas de uma Fonte Universal. Assim como um veículo motorizado que percorre uma jornada, o retorno ao mundo espiritual exige que prestemos contas de nossas ações, revelando um relatório fiel das experiências que vivenciamos.
É fundamental que reconheçamos a “Contabilidade Divina”, que busca avaliar cada ação que realizamos. Ao final, esse processo nos fornece um conjunto de dados que fica registrado em nosso Espírito, refletindo nossas experiências. Apesar de o “Ministério Divino” nos conceder novas oportunidades para regeneração, devemos valorizar o que temos de mais precioso: nosso eu verdadeiro, o Espírito, para que possamos aprimorar e progredir a partir das provas de cada encarnação, quitando dívidas passadas e cumprindo as missões que nos foram designadas.
Portanto, ao refletirmos sobre as relações sexuais, devemos ter como guia um princípio ético essencial, que é “fazer aos outros o que quereríeis que eles vos fizessem”, promovendo assim uma convivência harmoniosa e respeitosa entre todos os Espíritos.
