Objetivos da Reencarnação e o Que Aprendemos Sobre Nascimento

Por que Nascemos? Objetivos da Reencarnação

A Doutrina Espírita, conforme exposta por Allan Kardec, apresenta fundamentos essenciais que elucidam o propósito da reencarnação. No capítulo VI da introdução de O Livro dos Espíritos, Kardec discorre sobre a criação de Deus, o Criador do universo, que abrange tanto os seres materiais quanto os imateriais. A encarnação é vista como uma oportunidade para os Espíritos ocuparem temporariamente um corpo humano, permitindo-lhes passar por diversas experiências ao longo de múltiplas existências, com o objetivo de alcançar o aperfeiçoamento.

A busca pelo aperfeiçoamento é uma das principais razões que justificam a necessidade de encarnarmos. Como afirmado na obra de Kardec, essa jornada serve para “pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da Criação” (KARDEC, 2022). Essa perspectiva é reforçada pela questão 132 de O Livro dos Espíritos, onde se discute a encarnação como uma imposição divina que pode ser entendida como expiação ou missão, dependendo do Espírito.

Expiação e Missão

Os Espíritos, ao responderem a Kardec, elucidam que a expiação é um meio pelo qual se busca a perfeição através dos sofrimentos e adversidades da vida corporal. Hernani Sant’Anna explica que a expiação discutida na Doutrina Espírita “não é senão a purgação purificadora do mal que infeccionou o Espírito” (SANT’ANNA, 2016). Dessa forma, as experiências expiatórias tornam-se fundamentais para a restauração do Espírito, permitindo-lhe livrar-se das impurezas que dificultam sua evolução.

Os sofrimentos físicos e morais que enfrentamos são reflexos de nossas faltas, configurando as expiações necessárias em nossas vidas, tanto na existência atual quanto na Vida Espiritual. Além das experiências expiatórias, cada um de nós também pode ter missões a cumprir, determinadas por Deus e aceitas por nós durante o planejamento reencarnatório. Independentemente do nível de evolução dos Espíritos, todos têm um papel a desempenhar, seja ajudando na elevação moral de outros, seja combatendo as más inclinações alheias, demonstrando que cada atitude tem sua importância.

O Papel do Espírito na Criação

Outra função significativa da encarnação é dotar o Espírito de condições para suportar sua parte na Criação. Todos nós somos instrumentos divinos que compõem a obra elaborada por Deus, interligados harmonicamente para cumprir as ordens do Criador. A inclinação para o bem e a adesão às Leis Divinas são determinantes para nosso avanço rumo à perfeição, ou seja, à aproximação de Deus.

Como seres criados simples e ignorantes, as lutas e tribulações que vivenciamos têm a função de nos depurar, amenizando as dores que ainda precisamos enfrentar. Mesmo quando optamos por caminhos que nos levam ao bem, é essencial reconhecer que nossas imperfeições podem resultar em tormentas. Diante da finitude da experiência corpórea, não seria possível para nossa alma alcançar a perfeição em apenas uma existência. Por isso, a Justiça de Deus nos proporciona a vivência de novas existências, que caracterizam o sentido da reencarnação.

A Justiça Divina e a Reencarnação

Ao considerar a Lei do Progresso, é impossível ignorar a reencarnação. A Justiça Divina seria comprometida se apenas os Espíritos mais primitivos, que cometeram atrocidades há milênios, ou aqueles que ainda hoje erram gravemente, fossem condenados eternamente. Somos todos filhos de Deus, e o Criador não nos condenaria a tormentas sem fim. A encarnação deve ser vista como um estado transitório do Espírito, que, ao se libertar da matéria, retorna ao seu estado natural.

Em A Gênese, Kardec menciona que “o Espírito só se depura com o tempo, sendo as diversas encarnações o alambique em cujo fundo deixa de cada vez algumas impurezas” (KARDEC, 2025). A busca pelo caminho do bem não nos isenta das próximas encarnações. Quanto mais nos afastamos de sentimentos negativos como a inveja, ciúmes e avareza, menos tormentos enfrentamos, facilitando nossa jornada em direção à perfeição divina.

Referências

  • KARDEC, Allan. A Gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 1ª Ed. Rio de Janeiro: Editora Letra Espírita, 2025.
  • KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 1ª Ed. Rio de Janeiro: Editora Letra Espírita, 2022.
  • SANT’ANNA, Hernani T. Universo e vida. Pelo Espírito Áureo. 9ª ed. Brasília: FEB, 2016.
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