Obsessão: Intervenção dos Espíritos
Para compreender as questões relacionadas às obsessões, é essencial esclarecer a intervenção dos Espíritos no mundo físico. Allan Kardec, em suas obras, destaca que os Espíritos têm a capacidade de penetrar em nossos pensamentos, observando nossas ações, pois estão constantemente ao nosso redor. Cada Espírito, no entanto, se concentra apenas naquilo que lhe chama atenção, não se ocupando do que lhe é indiferente.
Esses Espíritos podem conhecer os nossos pensamentos mais íntimos, muitas vezes chegando a perceber o que gostaríamos de esconder até de nós mesmos. Nenhum ato ou pensamento pode ser dissimulado a eles. É comum estarmos cercados por uma multidão de Espíritos que nos observam, mesmo quando acreditamos que estamos sozinhos. Os Espíritos levianos, por exemplo, costumam rir de nossas pequenas fraquezas e zombar de nossa impaciência, enquanto os Espíritos mais sérios se compadecem de nossas dificuldades e buscam nos ajudar.
A influência dos Espíritos em nossos pensamentos e ações é muito mais profunda do que imaginamos. Frequentemente, são eles que nos dirigem, sugerindo pensamentos que se somam aos nossos, criando uma mistura de ideias que podem causar incerteza, especialmente quando essas ideias são contraditórias. Os Espíritos imperfeitos, por sua vez, tentam nos induzir ao mal, fazendo com que soframos como eles sofreram. Essa ação não diminui o sofrimento deles, mas é motivada por inveja, uma incapacidade de suportar a felicidade alheia.
Como Espíritos em evolução, somos chamados a progredir, e isso envolve enfrentar as provas do mal para alcançarmos o bem. Nossa missão é escolher o caminho certo. Se permitimos que más influências nos afetem, isso ocorre porque as atraímos através de nossos próprios desejos. Espíritos inferiores se aproximam para nos auxiliar na prática do mal, mas a escolha final sempre reside conosco. Quando temos uma propensão ao crime, uma nuvem de Espíritos pode nos cercar, alimentando esse instinto. Contudo, também somos cercados por Espíritos que nos incentivam a fazer o bem, equilibrando assim as influências que nos rodeiam.
Deus confia a nossa consciência a escolha do caminho que devemos seguir e a liberdade de ceder a influências opostas. É possível resistir à influência de Espíritos que nos conduzem ao mal, pois eles se apegam apenas àqueles que os chamam através de seus desejos ou pensamentos. Quando a vontade do homem repele suas tentativas, eles tendem a se afastar, mas permanecem à espreita de uma oportunidade, como um gato esperando pela presa.
Podemos neutralizar a influência negativa dos Espíritos praticando o bem e depositando nossa confiança em Deus, repelindo as sugestões que nos induzem a pensamentos destrutivos. É crucial desconfiar especialmente daqueles que exaltam nosso orgulho, pois eles nos atacam por nossas fraquezas. Essa é uma das razões pelas quais Jesus nos ensinou a orar: “Senhor! Não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal”.
Nenhum Espírito é designado para praticar o mal; aqueles que o fazem agem por conta própria e se sujeitam às consequências de suas ações. Deus pode permitir que tais Espíritos ajam assim para nos testar, mas nunca os ordena a fazê-lo. A responsabilidade de repelir essas influências é nossa.
Quando sentimos angústia ou ansiedade sem uma causa aparente, muitas vezes isso é resultado das comunicações inconscientes que temos com os Espíritos, seja durante o dia ou ao dormir. Espíritos que buscam nos atrair para o mal costumam aproveitar as circunstâncias, mas também têm a capacidade de criá-las, nos empurrando para aquilo que desejamos, mesmo contra nossa vontade.
Em sua obra “Nos Bastidores da Obsessão”, o Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografado por Divaldo Pereira Franco, elucida a ação dos Espíritos em nosso cotidiano. Ele afirma que os dois mundos – o dos encarnados e o dos desencarnados – estão interligados, pois não existem barreiras reais entre eles. Os Espíritos exercem uma ação constante sobre o mundo moral e físico, sendo uma das potências da Natureza, responsáveis por muitos fenômenos que o Espiritismo busca explicar.
Os bons Espíritos nos atraem para o bem, sustentando-nos nas provas da vida, enquanto os maus nos empurram para a escuridão, alegrando-se ao nos ver sucumbir. Portanto, é essencial estarmos atentos às influências espirituais que nos cercam e escolhermos com sabedoria o caminho que decidimos seguir.
Referências
1. MIRANDA, Manoel Philomeno de (Espírito), na psicografia de Divaldo Pereira Franco. Nos bastidores da obsessão. 13ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2016.
2. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.
3. KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.
4. DENIS, Léon. O problema do ser, do destino e da dor. 32ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2017.
