Conflitos Existenciais
Você já parou para refletir sobre os conflitos que enfrenta em sua vida? À primeira vista, essa pode parecer uma pergunta desconfortável ou estranha, uma vez que reconhecer e discutir nossos próprios conflitos não é uma tarefa fácil. No entanto, é fundamental entender que os conflitos são uma parte intrínseca do desenvolvimento humano. Quando abordados com consciência, eles podem ser catalisadores de descobertas e transformações significativas que, de outra forma, talvez nunca ocorressem.
O verdadeiro problema não reside em ter conflitos, mas sim em ignorá-los, negá-los ou permitir que eles determinem o rumo de nossas vidas. Joanna de Ângelis, em uma obra que explora a temática dos Conflitos Existenciais, nos lembra que “a criatura humana está destinada à plenitude, avançando, não poucas vezes, sob injunções dolorosas.” Esta afirmação nos convida a reconhecer que o enfrentamento de nossos conflitos pode ser movido por um propósito maior, levando-nos a buscar as raízes de nossos problemas e suas causas.
O Estudo dos Conflitos na Psicologia
Sigmund Freud, ao iniciar suas investigações sobre as angústias humanas, constatou que muitos sintomas manifestados no corpo ou no comportamento estavam vinculados a processos psíquicos ocultos e frequentemente negados. Ele incentivou a catarse emocional, permitindo que os pacientes expressassem livremente o que estava reprimido em seu inconsciente. Este processo de fala livre se tornou uma ferramenta essencial na psicanálise, propiciando uma compreensão mais profunda das angústias individuais.
Carl Gustav Jung, por sua vez, expandiu essa perspectiva. Ele acreditava que a vida impulsionava o indivíduo em direção à realização de suas potencialidades através do processo de individuação. Para Jung, os conflitos surgem de tudo o que se opõe a essa jornada inevitável de autodescoberta. Ele identificou a “Sombra” como a parte desconhecida de nós mesmos, que, por estar desprovida de luz, pode nos levar a escolhas e comportamentos equivocados. O caminho para superar esses conflitos, segundo Jung, envolve trazer a Sombra à consciência, um processo que exige um grande esforço moral e autoconhecimento.
Conflitos Ancestrais e a Bagagem do Inconsciente
Além dos conflitos gerados por experiências educacionais e pela convivência familiar, também carregamos uma bagagem ancestral resultante de nossas vivências passadas. O inconsciente humano é vasto e complexo, muito além do que o ego pode compreender. Essa profundidade afeta nosso comportamento de maneiras que muitas vezes não conseguimos controlar, pois é influenciada por uma carga energética significativa, resultante de experiências anteriores e de uma finalidade superior.
Como Enfrentar Nossos Conflitos
Não há uma fórmula mágica para superar conflitos, mas existem princípios e valores que podem nos ajudar nesse processo. Um passo crucial é aceitar que os conflitos fazem parte da essência humana. Essa aceitação deve ser ativa e dinâmica, mobilizando nossas forças para enfrentá-los. Aceitar a Sombra requer humildade, permitindo-nos reavaliar nossa postura diante da vida e assumir a responsabilidade por nossas ações e conduta existencial.
Quando aceitamos nossos conflitos e decidimos enfrentá-los, damos um passo importante em direção à maturidade, que nos convida a ser protagonistas de nossa própria existência. Podemos comparar esse processo a um parto: embora doloroso, ele resulta em um novo ser. Se permanecemos fixados apenas na dor, não permitimos que esse novo surja, pois ele pode nos assustar. No entanto, ao focarmos na finalidade de descobrir e realizar o nosso verdadeiro ser, os obstáculos tornam-se desafios a serem superados na busca por nosso tesouro interior.
Assim, mesmo em meio aos avanços do mundo moderno, homens e mulheres continuam a enfrentar conflitos existenciais que persistem até que possamos compreender a verdadeira finalidade da vida. É um lembrete do mestre que disse: “Vós sois a luz do mundo.” Até que essa luz seja trazida à superfície do inconsciente, os processos psíquicos continuarão a nos impulsionar em direção à transformação necessária.
Referências
1. Conflitos Existenciais – Joanna de Ângelis (Divaldo Franco) – Leal Editora
